Opinião

[opinião] Com iOS 8, a Apple mostra-se mais aberta do que nunca

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Os usuários da Apple sempre sofreram um dilema: enquanto o iOS é um dos sistemas mais fáceis e intuitivos que existem, além do mais seguro, ele também é um dos mais fechados. E isso faz um pouco de sentido, porque é justamente esta “proteção” dada pela Apple que o deixa mais uniforme e a salvo de ameaças.

Mas nos dias de hoje, novas ideias estão surgindo por todas as partes, com desenvolvedores e empresas tentando oferecer aos usuários o que há de mais moderno. Neste ponto, “ser fechado” é um problema, pois nós somos obrigados a assistir sentados a evolução passar até que a Apple resolva adotar também as novidades em seus sistemas.

Isso, felizmente, está mudando com o iOS 8, que será sem dúvida o sistema operacional mobile mais aberto que a Maçã já fez, permitindo que desenvolvedores implementem novidades no sistema sem ter que esperar a Apple “deixar”.

Nesta semana, vimos na apresentação da WWDC coisas que eram inimagináveis há alguns anos, como o fato de permitir que o sistema aceite extensões em aplicativos, usando informações de outros. Por exemplo, o aplicativo de senhas 1Password vai finalmente poder funcionar com todo o seu potencial no Safari do iOS, como uma extensão, similar ao que sempre aconteceu no OS do Mac. Suas senhas poderão ser acessadas diretamente na página que você estiver visitando, sem precisar sair do Safari para procurá-las em outro aplicativo. Outro exemplo dado durante a apresentação é poder instalar um app do Bing Translate e com isso habilitar um botão dentro do Safari do iOS, capaz de traduzir toda uma página. Este tipo de coisa, óbvia no mundo dos computadores de mesa, chegará agora ao iOS.

Outro exemplo: ao abrir uma imagem no aplicativo Fotos, será possível aplicar efeitos visuais existentes em outro aplicativo (Instagram, por exemplo), sem precisar sair do aplicativo Fotos nativo. É claro que, para isso, o desenvolvedor do app precisa liberar seu app para que ele permita ser acessado por outros aplicativos do sistema.

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Este tipo de abertura nunca existiu no iOS, porque a Apple sempre se preocupou com a segurança do sistema, fechando cada aplicativo em uma “caixa de areia” sem poder sair dali e acessar outras informações no sistema. Mas agora ela conseguiu uma maneira de permitir isso sem que os aplicativos saiam desta “caixa”, o que não prejudica em nada a segurança.

Aliás, esta é a grande diferença para o Android. Parece que para o Google, um sistema só pode ser duas coisas, aberto ou fechado, e decidiu ser aberto. Mas esta abertura indiscriminada é boa e ruim. Boa por permitir a implementação rápida de novas ideias (teclados diferentes, por exemplo) trazidas por terceiros, mas ruim porque esta mesma abertura permite que o sistema seja vulnerável a programas maliciosos que roubam dados e prejudicam o usuário e fazem o Android representar 99% do mercado de malwares.

A Apple conseguiu uma maneira de ficar apenas com a parte boa de um sistema aberto: ele continua protegido, mas com uma abertura controlada que permite que o usuário receba novidades de outros desenvolvedores, sem prejudicar a segurança. Os aplicativos continuarão presos a tal “caixa de areia”, mas poderão compartilhar informações com outros aplicativos através da supervisão do sistema. Assim, não há perigo de um aplicativo malicioso fazer o que quiser com o sistema, pois ele mesmo não permitirá. Esse tipo de cuidado, o Android não tem.

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Isso permitirá, por exemplo, instalar teclados alternativos que possam ficar disponíveis em todos os aplicativos. Uma função solicitada há tempos pelos usuários, que agora é implementada de forma segura.

Além disso, a Apple está disponibilizando diversas APIs que ajudarão ainda mais a integração do iPhone e iPad a acessórios dos mais diversos tipos. Por exemplo, já tem empresas anunciando que seus sistemas de ar condicionado serão compatíveis com os comandos da função Siri a partir do iOS 8, graças às ferramentas disponibilizadas pela Apple para acessórios do lar (o chamado HomeKit) que empresas poderão adotar para adaptar seus próprios acessórios.

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Por exemplo, será possível regular o ar condicionado apenas dizendo “Siri, quero uma temperatura de 21ºC na minha casa“. Ou então “Siri, já vou dormir” e o sistema de segurança irá averiguar se todas as portas estão trancadas e as luzes apagadas. Não limitando o sistema unicamente às suas próprias soluções, a Apple está abrindo um vasto leque de possibilidades, fazendo com que seus usuários aproveitem de forma mais rápida as novidades que aparecerem no mercado. E isso é ótimo.

Outro exemplo é o HealthKit. Muitos tinham dúvida se a Apple apresentaria o novo aplicativo que registra informações de saúde, sem primeiro revelar o tal do “iWatch”. Pois ela fez melhor e apresentou uma plataforma aberta a todos os acessórios já existentes, não obrigando seus usuários a somente comprar os produtos de uma só marca (como fez a Samsung com um smartwatch que só funciona com dois aparelhos, ao tentar imitar o que os rumores diziam). Este tipo de abertura nós não estávamos acostumados a ver na Apple, e estamos muito felizes de ela ter optado por este caminho.

Nunca a Apple apresentou um iOS tão aberto e repleto de possibilidades. É possível que alguns usuários achem que as novidades visuais foram poucas e não houve grandes avanços inovadores. Mas podem acreditar que esta “revolução” feita nos bastidores irá transformar o iOS 8 no sistema maduro que ele sempre quis ser.

Se a única vantagem que o Android tinha sobre o iOS era “ser aberto”, agora ele terá que correr atrás para buscar um outro diferencial.

Conteúdo original © Blog do iPhone

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