A Apple sempre foi conhecida por suas grandes atualizações anuais de software, que costumam trazer uma série de novos recursos de uma só vez. Inclusive, foi justamente o iPhone quem introduziu esse conceito de atualizar o sistema de celulares, para que até os mais antigos ganhem novas funcionalidades.
No entanto, o lançamento do iOS 18 está seguindo um caminho diferente desta vez.
A principal novidade este ano, a tão aguardada plataforma de inteligência artificial Apple Intelligence, será entregue aos usuários de forma fragmentada, e só estará completa em março de 2025, segundo Mark Gurman.
Lançamento sem as funções principais
Desde seu anúncio, o iOS 18 gerou muita expectativa, principalmente devido às promessas de avanços significativos em IA.
Mas a Apple resolveu adotar uma estratégia fragmentada para o lançamento.
Em vez de entregar todas as funcionalidades de uma vez, como sempre foi o costume em versões anteriores, a empresa decidiu liberar as novidades aos poucos.
O processo já começou com o lançamento do iOS 18.0, que trouxe apenas algumas melhorias básicas.
A versão 18.1, que deve ser lançada em outubro de 2024, trará os primeiros elementos da plataforma Apple Intelligence, mas ainda estará longe de ser completa.
Os usuários terão que esperar pelas versões 18.2, em dezembro, e 18.3, no início de 2025, para ver mais funcionalidades sendo gradualmente adicionadas ao sistema.
A promessa é que o pacote completo de atualizações, incluindo as principais inovações da Siri e outros recursos de IA, só estará disponível na versão 18.4, prevista para março/abril de 2025.
Por que a fragmentação?
A decisão da Apple de fragmentar o lançamento do iOS 18 está ligada a vários fatores.
Um dos principais é o desenvolvimento da plataforma Apple Intelligence, que está se mostrando mais complexo do que o esperado.
A empresa quer garantir que as novidades cheguem aos usuários sem grandes falhas e de forma estável, o que justifica a implementação gradual.
Apple Intelligence: a principal promessa
O grande destaque do iOS 18 é a plataforma Apple Intelligence, que promete transformar a forma como os usuários interagem com seus dispositivos.
Entre os recursos mais esperados estão uma Siri muito mais avançada, capaz de interações mais contextuais e personalizadas, e novas funcionalidades de IA, como o Genmoji (gerador de emojis personalizados) e o Image Playground (um editor de imagens interativo).
No entanto, a implementação completa desses recursos será lenta.
A Siri atualizada, por exemplo, terá melhorias graduais em cada nova versão do iOS 18, com os avanços mais significativos esperados apenas na versão 18.4.
Até lá, a experiência com a assistente virtual deve permanecer bastante semelhante à atual.
O risco da frustração
A Apple parece não temer a frustração do usuário.
Seu marketing parece ter optado por fingir que tudo já está pronto e inclusive usa a Apple Intelligence como o principal motivo para a compra dos novos iPhones 16.
Ela diz “Hello Apple Intelligence“, quando ela nem sequer está aqui.
Essa esquizofrenia do marketing pode ser um tiro no pé quando clientes menos antenados nas notícias de tecnologia comprarem o aparelho e descobrirem que a IA ainda não está pronta.
Além disso, meio que revela que nem mesmo a própria Apple acredita que o iOS 18 tenha boas novidades além da IA. E isso é péssimo para a imagem da empresa.
Já comentamos aqui no BDI que a Apple se sentiu obrigada a apresentar novidades de inteligência artificial na última WWDC, porque se não fizesse isso, provavelmente seria considerada ultrapassada e fora da principal inovação dos últimos anos.
Ela não tinha nada nas mãos, e acabou apresentando mais o que “pretende fazer daqui para frente” do que já disponibilizar um produto acabado para seus usuários.
Infelizmente, ela não teve escolha. Está correndo atrás do tempo que ela mesmo perdeu.
Não é o jeito que ela estava acostumada a trabalhar E isso se reflete inclusive na forma como ela distribui suas atualizações de software.
São novos tempos, amigos.