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Steve Jobs previu: fabricar iPhones nos EUA é inviável — e aqui está o motivo

Trump quer que a Apple fabrique iPhones nos EUA, mas Steve Jobs já explicou por que isso não funciona — e a realidade técnica continua a mesma.

Durante uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (8), a secretária de imprensa dos Estados Unidos, Karoline Leavitt, afirmou que o presidente Donald Trump “acredita absolutamente” que a Apple poderia fabricar iPhones em solo americano.

A fala veio no contexto do aumento das tarifas de importação, que devem subir para 104% sobre produtos vindos da China a partir de amanhã.

Trump afirma que, se empresas como a Apple não quiserem pagar essas tarifas, deveriam simplesmente fabricar seus produtos dentro dos EUA.

Mas será que isso é mesmo possível?

Para entender por que a ideia de Trump soa mais como discurso político do que como plano realista, vale lembrar o que Steve Jobs já dizia sobre o assunto há mais de uma década.

Steve Jobs sabia que não era viável fabricar nos EUA

Em 2011, pouco antes de sua morte, Jobs teve uma conversa com o então presidente Barack Obama. Em certo momento, Obama perguntou: “O que seria necessário para que o iPhone fosse fabricado nos Estados Unidos?

A resposta de Jobs foi direta e franca:

“Esses empregos não vão voltar.”

Jobs sabia que a escolha pela China não era apenas uma questão de custo, mas de escala, agilidade e capacidade técnica.

Fabricar um iPhone exige uma cadeia global complexa, com componentes vindos de mais de 50 países e minerais raros extraídos de outros 79 — muitos dos quais não estão disponíveis nos EUA.

Linha de produção chinesa não é só barata, mas altamente qualificada.

Além disso, a China possui uma concentração de mão de obra altamente qualificada em áreas específicas como usinagem, moldagem de precisão e montagem eletrônica.

Tim Cook já chegou a dizer que, enquanto nos EUA seria difícil encher uma sala com engenheiros especializados em ferramentas de precisão, na China seria possível encher vários campos de futebol.

A experiência do Mac Pro no Texas

Durante o primeiro mandato de Trump, a Apple tentou atender ao apelo político e produziu o Mac Pro em Austin, Texas.

O resultado não foi animador: dificuldade para encontrar fornecedores locais, componentes importados que causavam atrasos, mão de obra escassa com o perfil necessário… No fim, a produção foi limitada e cara.

Na cara de cada um dá para ver quem ficou feliz e quem não ficou com a fábrica no Texas.

iPhones montados nos EUA custariam bem mais caro

Mesmo que fosse possível montar iPhones nos EUA, o custo de produção aumentaria drasticamente.

Isso se refletiria diretamente no preço final — algo que a Apple, focada em escala global, quer evitar a todo custo.

Hoje, a empresa busca diversificar sua produção com fábricas na Índia e no Vietnã, mas a China ainda é a espinha dorsal da sua operação.

Um discurso político que ignora a realidade técnica

Trump pode até acreditar que a Apple “poderia” fabricar seus produtos nos EUA, mas essa visão ignora toda a complexidade envolvida — algo que Steve Jobs já havia deixado claro há mais de uma década.

Mais do que uma questão de vontade, trata-se de uma realidade técnica, logística e econômica que não se resolve com decreto ou tarifa.

Enquanto isso, a Apple se prepara para driblar os efeitos das tarifas com estoques extras de iPhones e aumento das importações da Índia.

A história mostra que fabricar nos EUA continua sendo uma ideia distante — e Jobs já sabia muito bem o motivo.

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