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A fábrica brasileira de iPhones é muito pequena para ser uma alternativa para a Apple

Com as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos importados de vários países da Ásia, a Apple está sob pressão para rever sua cadeia de produção global.

Isso fez com que a revista brasileira Exame especulasse que o Brasil poderia ser uma alternativa válida para a maçã evitar custos adicionais.

Na prática, no entanto, a fábrica brasileira de iPhones ainda é pequena demais para se tornar uma alternativa viável, segundo fontes do jornalista Mark Gurman, da Bloomberg.

O peso das novas tarifas

Desde o primeiro governo Trump, a Apple busca diversificar sua produção fora da China para minimizar riscos com guerras comerciais.

Essa estratégia se intensificou após a pandemia, com novas linhas sendo abertas em países como Índia, Vietnã, Malásia e Tailândia.

Mas essa diversificação da cadeia de produção perdeu parte de sua força, depois que Trump impôs tarifas também para os demais países. A Apple ainda se beneficia parcialmente ao fabricar iPhones na Índia, com uma tarifa menor do que a chinesa, mas a margem de manobra está cada vez mais apertada.

A lista de tarifas impostas nos países em que a Apple produz hardware é a seguinte:

  • China: 34%, totalizando 54%
  • Vietnã: 46%
  • Tailândia: 37%
  • Indonésia: 32%
  • Malásia: 24%
  • Índia: 26%
  • Brasil: 10%

Pela lógica, o Brasil entrou nessa equação como um polo potencial, por possuir a menor tarifa da lista. O problema é que a capacidade instalada no nosso país ainda é bastante limitada.

Baixa produção no Brasil

A fábrica de Jundiaí, SP, foi implementada com o objetivo principal de suprir parte do nosso mercado interno e evitar os pesados impostos de importação.

A produção nacional sempre esteve concentrada nos modelos de entrada do iPhone, como o iPhone SE ou versões base da linha principal.

Os modelos mais avançados, como os iPhones Pro e Pro Max — que concentram margens de lucro maiores — não são fabricados por aqui.

Além disso, a escala de produção brasileira não chega perto do volume necessário para abastecer o mercado norte-americano de forma significativa.

Mas então bastaria expandir a fábrica no Brasil para produzir mais, não?
Bem, isso não é tão simples.

Seria necessário investir em infraestrutura, tecnologia e qualificação da mão de obra para lidar com os componentes mais sofisticados dos modelos premium.

Mesmo que a Apple e sua parceira Foxconn decidissem acelerar esse processo, levaria anos até que o país tivesse condições de produzir em escala os modelos topo de linha.

Ainda que a diversificação para o Brasil seja promissora a longo prazo, a realidade atual mostra que a fábrica brasileira está longe de ser uma solução imediata diante do impacto das tarifas americanas.

Uma reestruturação de nossa linha de produção poderia levar anos. E é totalmente incerto o que acontecerá com a política americana em cinco anos.

Sem falar que atualmente o Brasil apenas monta o aparelho, não fabrica nada. Se fosse transferida alguma cadeia de produção para cá, o custo para fabricar um iPhone nunca seria igual ao das fábricas asiáticas.

No fim, a economia com as tarifas acabaria sendo anulada pelo aumento de custos.

Além disso, a incerteza política aqui no Brasil não ajuda. Se daqui dois anos assumir um presidente mais alinhado a Trump, que resolva replicar a mesma política de tarifas, todo o investimento teria sido em vão.

Portanto, ao que tudo indica, o Brasil ainda não é uma alternativa realmente viável para ajudar a Apple a conter uma possível alta no preço do iPhone nos Estados Unidos.

Com isso, ganha força uma estratégia que já comentamos por aqui: diluir o aumento de custos nos EUA, repassando parte desse impacto a outros mercados.

A ideia é preservar o preço psicológico de US$ 999 para o consumidor americano, mesmo que isso signifique reajustes mais expressivos em mercados como Brasil, Europa ou Japão.

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