Apple acelera o envio de 600 toneladas de iPhones para evitar novas tarifas de importação
Um esforço logístico enorme para garantir apenas seis dias de vendas.
A Apple realizou uma verdadeira operação de guerra para diminuir os impactos das novas tarifas de importação previstas pelo governo dos Estados Unidos.
Segundo apurações da Reuters e do The Times of India, a empresa enviou por via aérea cerca de 600 toneladas de iPhones diretamente da Índia para os EUA.
A manobra ocorreu pouco antes do prazo final para que novas taxas alfandegárias começassem a ser aplicadas sobre produtos eletrônicos importados.
Com base no peso médio de um iPhone selado na caixa (cerca de 400 gramas), essa carga equivale a aproximadamente 1,5 milhão de unidades — o que dá uma dimensão do tamanho da operação.

Pressão nos bastidores e aumento na produção
Para viabilizar esse envio, a Apple pressionou autoridades para acelerar a liberação alfandegária, aumentou temporariamente o número de funcionários e manteve sua fábrica na Índia funcionando inclusive aos domingos.
O objetivo era alcançar um aumento de 20% na produção antes da entrada em vigor das tarifas.
Além da Apple, outras gigantes como Dell, Microsoft e Lenovo também correram contra o relógio para despachar o máximo possível de produtos considerados “premium” — especialmente aqueles com valor acima de US$ 3.000, que seriam mais duramente impactados pelas novas taxas.
Valeu a pena o esforço?
Apesar do volume impressionante, esse envio extraordinário cobre apenas seis dias de vendas nos Estados Unidos.
Isso porque, com base nas vendas globais de iPhones em 2024 (cerca de 220 milhões de unidades) e considerando que os EUA representam cerca de 40% desse total, estima-se que a Apple venda em média 241.000 iPhones por dia no país.
Ou seja, mesmo transportando 600 toneladas por via aérea — algo logisticamente complexo e caro —, a empresa apenas ganhou alguns dias extras antes de um possível aumento nos preços ao consumidor.
Cenário pode mudar em breve
Esse tipo de manobra mostra como a Apple (e outras fabricantes) está tentando minimizar os impactos de uma nova onda de tarifas resultante das tensões comerciais entre os EUA e a China, o que afeta também a produção na Índia, onde a Apple vem expandindo sua operação.
Mas é interessante observar como a mídia norte-americana está enfatizando demais nos últimos dias o provável aumento do iPhone por causa das tarifas. Você acha que é por acaso?

O iPhone é um ícone pop nos Estados Unidos. Usá-lo para explicar as consequências de uma tarifação à China permite que qualquer um entenda o quanto isso pesa no bolso do consumidor comum.
Em termos de marketing (e Trump está sempre atento a isso), um iPhone caro pode expor para o cidadão comum o problema de sua política tarifária, o que se converteria rapidamente em uma queda na popularidade.
Trump com certeza sabe disso e fará algo para que isso não o afete. Por isso, não é tão absurdo imaginar que, em breve, veremos a notícia de que a Apple ganhará algum tipo de isenção nas tarifas que deixarão o iPhone de fora dessa conta.
Tudo é política. E a Apple já investiu bastante no governo para não ser beneficiada agora.