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Desenvolvedores começam a se dar conta que o Android não é uma plataforma tão coerente

Androids diversos

Quando o Android foi lançado, há pouco mais de um ano, ele criou pouco entusiasmo, mas muita esperança. Hoje a situação é diferente: já existem mais de 12 celulares com o sistema do Google e vários outros que estão ainda para surgir. Porém, o que parece uma vantagem pode ser uma faca de dois gumes, para o temor de alguns desenvolvedores.

O que os fãs do Android sempre se vangloriaram é do fato dele ser um sistema aberto (open-source) e compatível com várias marcas diferentes. Mas isso costuma trazer mais problemas do que soluções no momento de criar um aplicativo que rode em toda a plataforma. Isso porque cada telefone (HTC, Motorola ou Sony Ericsson) tem características próprias, além de usar uma versão customizada do sistema. As chances de criar vários pontos de incompatibilidade são muito grandes.

Diferentes modelos de aparelhos para o mesmo sistema

Além de possuírem telas de diferentes definições, nem todos os aparelhos possuem as mesmas funções. Com hardware diferente, fica difícil fazer um aplicativo único para todos eles. O pesadelo para os desenvolvedores está justamente no fato de que sua obra publicada na Android Market pode não funcionar em determinados aparelhos, o que faria o consumidor acreditar que a culpa é do aplicativo. A partir daí pode-se já prever os danos em más avaliações e prejuízo de imagem. Quem se anima a arriscar tempo de desenvolvimento para isso?

Sistemas diferentes

Além disso, justamente por ser um sistema aberto, há várias versões modificadas dele, o que aumenta ainda mais os riscos de incompatibilidade. Só as versões oficiais já são 4 (Android 1.1, 1.5, 1.6 e 2.0), o que já complica bastante a vida no SDK. Chris Fagan, co-fundador da Froogloid, uma empresa focada no desenvolvimento de aplicativos para Android, desabafa:

Em vez de trabalhar nas atualizações de nossos aplicativos, usamos o tempo tentando fazer com que eles funcionem em cada uma das múltiplas versões do sistema operacional e capacidades de hardware. Não estamos reclamando deste crescimento, mas se você for um pequeno ou um novo desenvolvedor para Android tentando aprender, pode não aguentar.

E é verdade. Para quem já tentou mexer um pouco no SDK do Android (download gratuito) vê claramente a diferença se comparado àquele do iPhone. Instalações suplementares e nada intuitivas complicam bastante a tarefa, culpa também da preocupação em fazer uma ferramenta compatível com Windows, Mac e Linux.

Várias versões do sistema

Mas o que isso quer dizer? Que o Android não tem futuro porque é complicado demais?
Não.

Isso são efeitos colaterais que provavelmente serão solucionados pelo Google, que já mostrou ter competência para se adaptar ao mercado. Mas ao mesmo tempo é curioso e interessante para mostrar que nem sempre sistemas fechados são uma coisa negativa.

Uma das maiores reclamações dos que falam mal da Apple é sua rigidez e total controle sobre seu sistema. Porém, isso se justifica no momento em que se têm um sistema estável, feito somente para um único hardware (iPhone e iPod touch são praticamente o mesmo equipamento), com mesmas características e definições de tela, que proporcionam ao desenvolvedor a segurança de que seu aplicativo, se bem feito, irá rodar em todos os aparelhos.

Um SDK feito somente para funcionar em um único sistema (Mac OS X) também facilita muito na hora da instalação, disponibilizando para o programador ferramentas já prontas para o uso, sem precisar de ajustes ou downloads extras.

Estudando outros casos que acontecem com sistemas de outras empresas, nos ajuda a refletir e entender o porquê de algumas atitudes da Apple em relação ao iPhone e seu OS. O fato de existirem 10 vezes mais aplicativos na App Store do que para o Android, mesmo este sendo uma plataforma aberta, pode não ser apenas resultado de modismo ou da projeção da mídia, mas também em uma série de fatores que façam a vida do desenvolvedor para iPhone ser mais fácil.

Inspiração

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