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Como foram os 11 últimos anos da Apple sem Steve Jobs

Dia 5 de outubro marca o aniversário de morte de Steve Jobs. Quem vivenciou este dia em 2011 lembra como foi bastante impactante.

Quem era usuário da Apple, ficou chocado e ao mesmo tempo apreensivo com o futuro da empresa; já quem nunca ouvira falar dele, conheceu sua história e sua importância, pois todos os meios de comunicação só falaram disso.

Mas passados todos estes anos, os maiores medos de quem era usuário não se concretizaram. A empresa não faliu nos anos seguintes e continuou lançando novos produtos mesmo sem seu maior inspirador.

Vamos analisar o que aconteceu nestes anos sem Jobs e como a Apple está hoje em relação a 2011.

Recordes de faturamento

Jobs escolheu a dedo quem deveria substituí-lo: Tim Cook, o cara da logística.

Nem sempre ser “o especialista da logística” significa ter competência para um cargo importante, mas neste caso parece ter dado muito certo.

Tim Cook sempre foi minucioso com números e muito preocupado com as linhas de produção. Seu foco em gerenciamento financeiro e de fornecedores externos acabou fazendo o faturamento acelerar, se tornando a maior empresa do mundo já no ano seguinte após a partida de Jobs.

E a coisa não parou por aí. Nos anos seguintes, os resultados fiscais foram batendo recordes atrás de recordes, e a empresa hoje possui capitalização de 2,35 trilhões de dólares. É muita, muita coisa.

Porém, diversos princípios acabaram sendo alterados em sua gestão.

Elitização de produtos

Steve Jobs, mesmo na época da parceria com Steve Wozniak, sempre procurou fazer produtos com o máximo de qualidade para todos os usuários. Nunca foram baratos, mas quem comprava um iMac, sabia estar comprando o melhor iMac que existia, sem precisar escolher entre várias categorias.

A única divisão por categoria que ele introduziu quando voltou à Apple em 1996 foi dividir os computadores entre usuários profissionais e usuários comuns. Mas essa lógica não foi aplicada nos dispositivos móveis; o iPod, por exemplo, nunca teve uma versão Pro.

Tim Cook mudou um pouco isso já no primeiro produto totalmente desenvolvido sem a interferência de Jobs: o Apple Watch.

A primeira versão do relógio vinha em três categorias bem distintas, diferenciadas pelo material usado: alumínio, aço inox e ouro.

Nunca os usuários da maçã tinham visto algo do tipo: a empresa sugerir que se pagasse R$ 120.000 (cento e vinte mil reais!!!) em um relógio que em seu interior era exatamente igual ao modelo de R$2.900, mas que podia ser exibido como uma joia de alto luxo.

Hoje, aqueles que compraram o modelo de ouro em 2015 provavelmente o tem guardado em uma gaveta ou um cofre, visto que não aceita mais nenhuma atualização de sistema. Está totalmente defasado.

A criação de categorias de usuários também foi para a linha dos celulares.

Se na época de Jobs era lançado apenas um único modelo de iPhone por ano, e todos que o compravam tinham as mesmas funcionalidades, na era Tim Cook chegamos a ter 5 novos modelos diferentes em um único ano.

Hoje o usuário é obrigado a escolher entre a linha mais simples, com dois tamanhos (normal e “Plus“), e a linha Pro, mais cara e com mais recursos.

Há ainda uma terceira linha, a SE, que reaproveita design e arquitetura de modelos antigos para baratear o preço (e consequentemente, sem muitos dos novos recursos).

Cook hoje oferece produtos diferentes para categorias econômicas diferentes.

O problema é que ele não fez isso baixando o preço e sim aumentando. O que custava um iPhone 4s em 2011 (nos EUA) era menos que o iPhone 14 mais barato, que nem recebeu upgrade de processador em relação à geração anterior.

O iPad também ganhou uma linha bem mais cara, com o sobrenome Pro. Telas maiores, o melhor hardware e todas as últimas novidades, que propositalmente não são inclusas nos modelos mais econômicos. Hoje em dia, é bem mais difícil ter um iPad do que dez anos atrás.

iPhones maiores

Tim Cook cedeu à pressão do mercado e adotou algo que Jobs não curtia tanto: iPhones com telas maiores.

Gerações do iPhone

A equipe da Apple na era Jobs se vangloriava em oferecer um celular que permitia ser operado apenas com uma das mãos. Com a tela menor, era possível segurar o celular e ao mesmo tempo permitir que o dedo polegar alcançasse todos os cantos da tela. Outros concorrentes asiáticos apostavam em telas grandes, mas para Jobs, a boa experiência do usuário era mais importante.

Tanto que os usuários da Apple sempre fizeram piadas com telas grandes.

Este artigo aqui não vai julgar se Jobs estava certo ou não, mas o fato é que Tim Cook abriu as portas para telas de diversos tamanhos, dando ao usuário o poder de decisão.

Em 2020 foi relançada a tela de tamanho menor com o modelo “mini” no iPhone, mas ele durou apenas 2 gerações. Em 2022 foi retirado de linha e substituído pelo modelo Plus, com tela maior.

iPad menor

Outra resistência que Steve Jobs tinha era com tamanhos menores de iPad. Para ele, não fazia o menor sentido.

Tim Cook lançou o iPad mini, que agradou muitos usuários que precisavam de uma tela maior que um celular, sem precisar do peso de um iPad grande. E isso fez com que ele durasse até hoje.


Menos segredos

Coincidência ou não, depois da partida de Steve Jobs os segredos sobre futuros produtos da maçã começaram a ser divulgados em uma quantidade maior e crescente.

O próprio iPad mini, com um novo conector chamado Lightning, teve todos os seus detalhes revelados semanas antes da apresentação oficial.

Na época de Jobs, o vazamento do protótipo do iPhone 4 foi considerado o maior da história. Mas só aconteceu porque um dos engenheiros que testavam o aparelho bebeu demais em seu aniversário e esqueceu o dispositivo em um bar.

Hoje, já sabemos características do próximo iPhone um ano antes, sem nenhuma cerimônia. Há vazamentos nas fábricas, em fornecedores e até mesmo nos escritórios da maçã.

A consequência direta disso é óbvia: acabou o efeito “UAU” que era uma das marcas registradas de Steve Jobs e deixava a todos de boca aberta em cada apresentação.

Afinal, como esquecer quando ele tirou um MacBook inteiro de dentro de um finíssimo envelope pardo, ou quando ele disse que um único dispositivo seria um telefone, um iPod e um comunicador de internet.

Isso é uma das coisas que mais sentimos falta da época de Steve.

Conclusão

A Apple continua mais forte do que nunca e hoje é uma das maiores empresas do mundo. Talvez um outro CEO não conseguisse atingir esse feito e a história que estaríamos contando hoje seria outra.

Tim Cook soube capitanear como ninguém a Apple e temos que dar todos os méritos a ele pela empresa ser o que é após 11 anos sem seu maior líder.

Confira mais sobre Steve Jobs:
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