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Entenda o que mudará na assinatura de revistas digitais no iPad

O lançamento de ontem do jornal digital The Daily promete ser um marco no consumo digital de informações no iPad, não pelo seu formato (que é parecido com várias revistas atuais do tablet), mas pela maneira com que ele inaugura todo um sistema de disponibilização de conteúdo, que será adotato daqui para frente pela Apple. Muita gente está reclamando disso e mesmo que a transição prometa ser conturbada, o maior beneficiado de tudo isso deve ser o consumidor.

Mudança de planos

Esta semana, muita gente reclamou do fato que a Apple vetou na App Store o aplicativo Sony eReader, por alegar que ele vendia livros somente por um site externo, sem passar pela Maçã. Apesar de muitos terem reclamado de censura e abuso de controle, esse tipo de prática foi vetada desde o ano passado, quando a Apple deixou bem claro em seu iOS Developers Guidelines:

11.2. Aplicativos que utilizem um sistema outro que a API de compras In-App (IAP) para comprar conteúdo, funcionalidades ou serviços no aplicativo, serão rejeitados.

Ou seja, pode-se até questionar que a Apple esteja querendo faturar em cima de um sucesso que ela mesmo criou, mas ninguém pode dizer que ela não tenha avisado isso antes. Tanto que ela, em nota pública, comunicou ontem que bastaria o eReader da Sony oferecer também a possibilidade para comprar In-App, que não haveria motivos para o app ser rejeitado. O aplicativo Kindle for iPhone também funciona na mesma maneira e terá provavelmente que mudar em breve.

A lógica é muito simples: a Apple não quer que outros concorrentes venham se aproveitar do sucesso do iPad sem dar nada em troca. E não há nenhum autoritarismo nisso, visto que oferecer algo para o iPad é uma opção, não uma obrigação. A Maçã quer tirar proveito também o sucesso que ela mesma criou, até porque são os seus servidores que são usados para abrigar os arquivos do aplicativo.

O medo de muitos é que agora esta regra valerá para todos. Rumores afirmam que a partir de abril nenhuma edição poderá deixar de passar pela App Store para vender seu conteúdo, algo que deve influenciar inclusive algumas publicações brasileiras.

Não apenas assinaturas externas

Atualmente, algumas edições como a revista Veja no iPad permitem a assinatura do conteúdo digital por um sistema independente, tratado diretamente com a editora. O leitor assina e pode baixar manualmente pelo aplicativo as edições completas. O download se utilizam dos servidores da Apple, mas o pagamento não.

Aliás, o preço que se paga pela assinatura digital ainda é alto. Apesar do valor da edição individual da Veja ser quase o mesmo no câmbio atual (4,99 dólares), a diferença entre a assinatura clássica e a virtual existe. Por um ano de edições impressas, o assinante brasileiro paga hoje R$383,40, enquanto a mesma assinatura para edições digitais custa R$416,40. Considerando que alguns custos de produção como impressão e distribuição simplesmente não existem na versão virtual, a diferença de preço é quase inexplicável. E nem dá para colocar a culpa nos 30% da Apple, pois esta assinatura não passa pela App Store.

Este tipo de negócio sem repassar nada à Apple nunca esteve nos planos dela e é por isso que ela quer mudar o sistema. A partir de abril, todos terão que oferecer obrigatoriamente a opção de assinatura dentro do aplicativo, sem precisar sair dele. Mas mesmo que editores continuem podendo oferecer as assinaturas externas, muitos estão reclamando das novas mudanças, principalmente por dar prioridade à News Corp., que terá exclusividade de uso do novo sistema até o lançamento do iOS 4.3.

Novo modelo de negócios

O modelo por trás do The Daily acredita que a quantidade possa compensar o preço baixo na assinatura. Por um valor pequeno e a facilidade em ter o conteúdo direto no seu tablet (automaticamente), cada vez mais assinantes pagarão pelo serviço que custa, para os cofres dos editores, cerca de US$500 mil semanais. Se a fórmula der certo, em breve teremos mais exemplos de edições digitais (inclusive em português) no iPad, mudando talvez até mesmo nossos atuais hábitos de leitura.

Tomara que dê certo.

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